As famosas Borboletas Psicodélicas – e um certo Henrique de Curitiba

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Você já está careca de ouvir falar da rua Borboletas Psicodélicas quando abordam o assunto “ruas com nomes estranhos” em São Paulo. É que, provavelmente, esta foi a primeira a ficar num lugar menos periférico – o tradicional Jabaquara, na zona sul. E, também, porque a rua já tinha outro nome antes, nada estranho: Marcelo Vieira Barbosa.

Tanto é que, na época em que a rua foi rebatizada, em 1991, o Estadão mandou o repórter Tão Gomes Pinto pesquisar porque cargas d’água havia acontecido a tal mudança. A matéria, publicada na edição de 5 de outubro daquele ano, é genial e merece ser transcrita parcialmente aqui (são todos os trechos em itálico). E vou dar um spoiler: a culpa é do Banco de Nomes. 

Para começar, o repórter procurou os moradores:

Uma arte produzida na época pelo Estadão

Uma arte produzida na época pelo Estadão

“Vocês são da Transamérica?”, quis saber a moradora Vania Villani ao ser informada que a rua Marcelo Vieira Barbosa passara a se chamar Borboletas Psicodélicas. Aflita, ela procurava um microfone ou uma câmera indiscreta com medo de estar sendo vítima de um desses programas de perguntas idiotas. Outra moradora, Maria Consuelo Ferrer, limitou-se a dar vazão ao seu temperamento espanhol: “Dios, que cosa mas loca!”

Os nomes que estão sendo utilizados agora estão catalogados num “banco de nomes de ruas” criado pelo prefeito Olavo Setúbal. 

Até aí, você já sabe por ler o blog. E também que o Banco é pródigo em batismos bizarros. Mas, veja só, Borboletas teve uma história um pouco diferente:

Além disso, existem as posturas municipais. A mudança da convencional Rua Marcelo Vieira Barbosa começa com uma dessas posturas. O responsável pela Seção de Denominação de Logradouros Públicos do Arquivo Histórico Municipal, Luís Soares de Camargo, investigou pessoalmente o caso e descobriu que Marcelo é um jovem de 20 de poucos anos que mora em Santo André. Isso o torna inviável como nome de rua. 

A rua ainda com a placa antiga, em foto reproduzida do Estadão

A rua ainda com a placa antiga, em foto reproduzida do Estadão

Marcelo transformou-se naquela placa desbotada que ainda assinala sua ex-rua porque seu pai construiu a primeira casa do local e achou-se no direito de batizar a rua, então anônima, com o nome do filho. A Prefeitura, numa primeira tentativa, tentou fazer com que a rua se chamasse Juan Gris. A rua resistiu a essa tentativa de homenagear o cubista espanhol contemporâneo de Picasso. O IPTU vinha como Juan Gris. A conta de luz como Marcelo Vieira Barbosa. Os guias da cidade também optaram por Marcelo.

Já que o Juan Gris estava por ali mesmo, acabou virando o nome de uma baita praça ao lado da Borboletas.

Já que o Juan Gris estava por ali mesmo, acabou virando o nome de uma baita praça ao lado da Borboletas, que abriga um clube da Prefeitura.

A cereja do bolo é a explicação dada pelo então chefe da nomeação de ruas, o historiador Luís Soares de Camargo (que foi meu professor na PUC). Ele disse que…

… instalada a campanha do batismo em massa das ruas, alguém foi ao computador (ou ao arquivo, pois o computador não estava funcionando) e puxou as Borboletas Psicodélicas.

Como se vê, os funcionários pinçam qualquer coisa da lista e danem-se os moradores, né?

alguém foi ao computador (ou ao arquivo, pois o computador não estava funcionando) e puxou as Borboletas Psicodélicas.

RECONSTITUIÇÃO: “alguém foi ao computador (ou ao arquivo, pois o computador não estava funcionando) e puxou as Borboletas Psicodélicas.”

Com o nome vem sempre a ementa, ou seja, a justificativa do nome. “Borboletas”, segundo a ementa, referem-se ao título do terceiro movimento da obra Pour Martinapara piano, do compositor paranaense Henrique Morozowicz.

Prazer, Henrique de Curitiba, daí

Henrique de Curitiba

O músico Henrique Morozowicz, que morreu em 2008, preferia assinar como Henrique de Curitiba, e realmente era muito respeitado na cena da música erudita brasileira. Na época da matéria, ele era professor da Universidade Federal do Paraná, e foi entrevistado por Tão Gomes Pinto. Como pessoa lúcida que era, pasmou-se:

A prova do crime

A prova do crime

Ao saber que as Borboletas haviam virado nome de rua em São Paulo, ele mergulhou num longo e eloquente silêncio. Deve ter considerado a hipótese de se tratar de uma brincadeira. “Ora, vejam só”, foi a primeira frase que conseguiu articular. Depois, explicou que Pour Martina foi uma homenagem singela, feita em 1972, a uma de suas alunas, Martina Graf. “Uma peça rápida, sem pretensões, dessas que se faz para o terceiro ou quarto ano de piano”. Quanto ao “psicodélicas”, ele diz que usou apenas por ser uma peça buliçosa. 

Não encontrei em nenhum lugar para ouvir Pour Martina, que, segundo consta, é usada para treinamento de piano, já que seu tocar é relativamente simples – como, aliás, o próprio Henrique disse ao jornal.

Adendo de 2019: Achei um artigo acadêmico de 2014 (ou seja, depois da redação original deste post) sobre as peças didáticas para piano de Henrique de Curitiba. Dentre elas, Pour Martina, de onde vêm as Psychodelic Butterflies:

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Arrisca dar uma palhinha? Tem mais de um trecho da partitura no artigo

O que o compositor talvez nem tenha chegado a saber é que as Borboletas não são suas únicas obras eternizadas na toponímia paulistana. Com certeza, ele ficaria ainda mais pasmo. Ora, vejam só:

Essa tem até para ouvir no Youtube. Fica na Vila Formosa, zona leste

Essa tem até para ouvir no Youtube. Fica na Vila Formosa, zona leste. Peça lançada em 1977.

Henrique de Curitiba, daí

Os três episódios são Lento, Alegre Vivaz. A rua, no isoladíssimo Jardim Oriental, em Parelheiros (zona sul), um bairro em que todas as precárias vias são musicais. Aguarde que falarei somente delas em breve.

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Já falei dela antes, né? Suíte de Natal também é da década de 1970. Fica no Parque do Carmo (zona leste).

Você talvez conheça Evocação das Montanhas na voz de Milton Nascimento - mas é de Henrique.

Você talvez conheça Evocação das Montanhas na voz de Milton Nascimento – mas é de Henrique. A rua fica no Iguatemi (ZL).

Essa fico devendo a placa, porque está dentro de um condomínio fechado, o Morumbi Sul, que apesar do nome é no Campo Limpo.

Essa fico devendo a placa, porque está dentro de um condomínio fechado, o Morumbi Sul, que apesar do nome é no Campo Limpo. O nome inteiro da peça é O repicar dos sinos na Igreja de Nossa Senhora da Glória.

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Peça Pastoral é uma composição para flauta, composta de 1971. A rua é na Cidade Tiradentes, zona leste.

E se você pensa que Henrique de Curitiba já saiu do Banco, enganou-se! Em 2012seus Pequenos Prelúdios, uma variação sobre a obra de Bach, foram nomeados como uma travessa num conjunto habitacional na beira da rodovia Fernão Dias, trazendo Henrique de Curitiba à zona norte, a única ainda não agraciada com sua obra.

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Pequenos prelúdios, pequenas travessas

Aliás, é possível que ainda haja outras ruas com nomes de trechos de peças dele, como afinal eram as Borboletas.

Se quiser saber mais sobre Henrique, vale a pena ler este artigo de uma pesquisadora brasileira – ainda que esteja em inglês, já que foi publicado pela Universidade da Flórida, nos EUA.

Ele assina embaixo

Ele assina embaixo

De volta!

Quase cinco anos depois dos últimos posts, a inspiração voltou e retorno com as postagens aqui e no instagram @ruasestranhasdesp! Deu tempo até de mudar de profissão – por isso, tenho que conciliar os garimpos urbanos com audiometrias e tarefas do meu projeto de mestrado em Fonoaudiologia.

Graças à minha dica, quando este blogueiro foi entrevistado pelo Edison Veiga, então no Estadão , e depois relembrado em matérias mais recentes do blog São Paulo São e do IG, em julho último, sabemos que o Banco de Nomes da Prefeitura paulistana foi alimentado por uma alegre equipe de estagiários “ripongas” com todo tipo de fonte entre os fins dos anos 70 e início dos 80.

Para ganhar um dia de folga a cada 100 nomes cadastrados, nossos guerreiros usaram DE TUDO: de catálogos de artífices mineiros do século 17 a lista de políticos paranaenses, fortificações do Brasil-colônianomes históricos da Argentina e muitas, mas muitas listas de composições eruditas (só de uma única artista, a Lycia de Biase Bidart, são 17!), passando por nomes de atores do cinema mudo (inclusive uns que não existem!). Ou ainda, todos os verbetes “aproveitáveis” dos finados Almanaque Abril e enciclopédia Barsa. Até para lista de plantas medicinais e a tabela periódica sobrou! Isso você pode descobrir fuçando no arquivo do blog, não é?

Dizem os artífices do Banco de Nomes, entre eles o arquiteto Benedito Lima de Toledo, falecido neste ano, que a ideia era criar “manchas urbanas” com um tema. Em alguns bairros, deu certo – caso, por exemplo, da região da Penha batizada com nomes de partes do corpo humano em língua indígena (!) ou da região de São Miguel Paulista em que pululam os nomes de ervas e plantas, como a Avenida Mimo-de-Vênus. De resto, foi uma bela “Zo Wada” : diz o Dirceu Rodrigues, um dos ex-estagiários, que a rua do Estilo Barroco, a antiga Quinze de Novembro de Santo Amaro, ganhou este nome porque lá morava o Jânio Quadros (e, por pouco, a Henri Dunant, travessa da Barroco, não virou rua da Ficção Científica! – mas aí já acharam esculhambação demais…).

Mais de quarenta anos depois do início da tarefa, ainda há ruas para batizar – e as fichinhas dos nossos meninos, hoje já sessentões, ainda não acabaram! Com o tempo, a tarefa ficou com o Arquivo Histórico, que passou a cadastrar novos nomes. Há iniciativas como o Ruas de Memória, criado na gestão do Haddad, que prevê batismos relacionados aos direitos humanos – e substituindo nomes de pessoas ligadas à ditadura militar (por exemplo, o Elevado Costa e Silva que virou Elevado João Goulart). Em tempos em que Ustras são glorificados, é mais do que necessário. Outra fonte “recente” do Banco de Nomes têm sido artistas falecidos – talvez porque sejam mais “unânimes” como homenageados. No Jardim São Francisco, Zona Leste quase limite com Mauá, foram parar vários globais que nos deixaram nos últimos anos:

Além do Wilker, do Paulo Goulart e do Walmor Chagas, temos os cantores Jair Rodrigues, Mercedes Sosa e Cesária Évora – além do escritor Ariano Suassuna.

Em abril deste ano, por exemplo, o conjunto habitacional Santana do Agreste (ele próprio já homenageando a terra da Tieta), no Itaim Paulista (ZL), teve suas ruas legalizadas e batizadas com os nomes de artistas já falecidos há algum tempo, como os atores Cláudio Correa e Castro (morto em 2005), Marly Bueno (falecida em 2012) e Marcos Cesana – este, mais conhecido por suas participações em inúmeros comerciais e no filme Bicho de Sete Cabeças. Já outros nomes, como a atriz Lílian Lemmertz (1936-1986) e o cartunista Henfil (1942-1988) até hoje esperam sua vez…

Ou ainda, pessoas que morrem de maneira trágica, como o grande médico Roberto Kikawa, criador do projeto Carretas da Saúde, assassinado num assalto no Ipiranga em 2018, homenageado com uma travessa da Rua Butantã recém-aberta em Pinheiros.

Isso significa que o Banco tomou jeito? Claro que não!

Só este ano (2019) já tivemos legalizadas, dentre tantas:

 a Travessa Signoem São Miguel – nome de um poema de Drummond

– a Travessa Lobitono Morro Doce – nome de uma cidade angolana;

– a Praça Harmonia e Melodiana Vila Andrade (nesta, o Banco é inocente: o nome veio por conta dos condomínios do entorno, que homenageiam músicas de Tom Jobim).

Fora ruas como a Zé Pretinho  (Itaquera) e a Travessa Francisquinho (Capão Redondo), batizadas por vereadores e que relembram carinhosamente moradores antigos das quebradas.

Que rua é hoje? – dezembro

Vocês, meus 17 leitores do blog, devem ter sentido minha falta. Afinal, já houve tempos em que eu atualizava este espaço semanalmente, assim como a página do Facebook. E não é que faltam ruas bizarras para mostrar: é só o blogueiro que nem sempre está inspirado (ou com tempo) para postar. Afinal, cada texto que você lê aqui dá trabalho pra fazer, como diz Marcelão.

Aliás, já boto EXCLUSIVO para o tema de hoje: as ruas de dezembro, o mês que já chegou chegando para mandar 2013 para a vala (amém!).

Diz a Prefeitura que existe uma rua 1 de dezembro, mas a informação não procede. Por isso, a primeira é essa aqui:

Uma ruinha de apenas uma quadra ao lado da Radial (nesta altura, José Pinheiro Borges), em Itaquera.

Uma ruinha de apenas uma quadra ao lado da Radial (nesta altura, José Pinheiro Borges), em Itaquera.

A explicação oficial é que o 2 de dezembro é o dia do migrante – nomenclatura até que adequada para uma das regiões que mais recebeu migrantes nordestinos na cidade. Entre outras coisas que aconteceram em 2 de dezembros, dá pra lembrar também da eleição de Abraham Lincoln em 1860 e a Lei da Anistia, em 1979. Tá certo.

No centro, entre a Boa Vista e a 15 de novembro.

No centro, entre a Boa Vista e a 15 de Novembro. Ao fundo, uma casa lotérica.

A localização já dá a dica de que deve ser uma data histórica. E é mesmo: alude ao dia 3 de dezembro de 1870, quando Quintino Bocaiúva lançou o primeiro “manifesto republicano” brasileiro, iniciando um lobby que enfim levou à proclamação (bem, meio ao estilo coup-d’etat), 19 anos depois. Exatos 124 anos depois, outro 3 de dezembro entraria para a história, com o lançamento, pela Sony, do primeiro Playstationno ano da graça de 1994.

Na Vila Formosa, perto da avenida Aguiar da Beira (ZL)

Na Vila Formosa, perto da avenida Aguiar da Beira (ZL)

Tá difícil de ver mas é 4 de dezembro, que vem a ser, por incrível que pareça, uma homenagem ao Dia da Propaganda, comemorado na data. A homenagem aos criativos veio de um job interessante: a criação, em 1936, da primeira associação de agências da América Latina, a Asociación de Jefes de La Propaganda, na Argentina. Não sabia? Agora sabe. No mesmo dia, o simpático e doce Emílio Garrastazu Médici (que ainda não era general) assoprava 31 velinhas.

Na "Vila Calendário", lá na Cachoeirinha (zona norte)

Na “Vila Calendário”, lá na Cachoeirinha (zona norte), entre a 22 de Agosto e a 28 de Janeiro. 

Já falei desse bairro, cujo loteador resolveu olhar as datas mais bonitas no calendário e jogou nas ruas – e a origem oficial se perdeu no tempo. Será que o 7 de dezembro era o de 1941, quando os japoneses atacaram Pearl Harbor, na II Guerra? Ou ainda a promulgação do Código Penal, em 1940 (incrivelmente ainda em vigor)? Mistérios…

Não esses

Não esses

Próxima…

Em Itaquera também, paralela à Jacu Pêssego

Em Itaquera também, paralela à Jacu Pêssego

Diz a Prefeitura que o 8 de dezembro da rua é o Dia da Justiça – data criada em 1951 pelo então presidente Vargas, aludindo a algo que não sei explicar. Além disso, o dia é feriado em dezenas de cidades brasileiras, em homenagem à Nossa Senhora da Conceição. E mais: deve ter sido o dia em que mais cidades paulistas foram fundadas. Olha só: Birigui, Diadema, Dracena, Guararapes, Guarulhos, Indaiatuba, Jandira, Mauá, Mendonça, Rancharia e Votorantim. Parabéns.

Na Vila Borges, uma travessa da Engenheiro Heitor Eiras Garcia (Butantã)

Na Vila Borges, uma travessa da Engenheiro Heitor Eiras Garcia (Butantã)

Essa não podia estar em outro lugar: afinal, desde 1975, graças ao nobre ex-vereador Brasil Vita, todo dia 16 de dezembro é Dia do Butantã. A explicação para que o dia do Butantã fosse este e não o, sei lá, 26 de agosto ou 31 de janeiro, ele ficou devendo no projeto da lei, promulgada no próprio dia 16/12 daquele ano. Parabéns antecipados, Butantã.

É mais uma da "vila calendário" da Cachoeirinha.

É mais uma da “vila calendário” da Cachoeirinha.

A 19 de dezembro é uma das mais curtas – liga a 10 de Maio à 9 de Novembro. E, como todas as outras, não tem explicação. Espero só que não seja o 19 de dezembro de 1941, quando Adolf Hitler se tornou o supremo comandante do império alemão. Pelo menos já sabemos que não é o dia 19 de dezembro de 1995, quando o PSTU foi registrado em definitivo – podia ter sido três dias antes, num 16. Afinal, contra burguês…

Em Santana, entre a Luís Dumont Villares e a Ataliba Leonel.

Em Santana, entre a Luís Dumont Villares e a Ataliba Leonel.

A Prefeitura não sabe explicar a razão do 24 de dezembroque provavelmente se relaciona com o loteador do bairro, já que as duas paralelas de baixo são a 25 de Fevereiro e a 7 de Novembro. E duvido que tenha algo a ver com a festa cristã, do velho e do novo…

Então é Natal

Então é Natal

Além da véspera natalina, também é o dia do Órfão. Você sabia? Agora sabe!

E chegamos à última, ou melhor, às últimas:

Em Heliópolis

Em Heliópolis

As ruas da comunidade de Heliópolis, na zona sul, também foram batizadas pelos moradores (senão imagina o que viria do Banco de Nomes…). Mas eles não explicaram o que aconteceu no dia 29 de dezembro pra ter virado rua. Será que queriam homenagear o dia da fundação do Nepal? Ou a inauguração do metrô de Lisboa? Você jamais saberá, querida.

E chega!

Se eu abandonar o blog por mais um mês (o que não pretendo), feliz ano novo antecipado!

o/

 

Que rua é hoje? – novembro

Nem dá para acreditar, mas o ano entra na sua penúltima fase, os panetones já estão à venda e as tenebrosas decorações de natal já soltas por aí. E, claro, as ruas de novembro (que nem são muitas):

No meio do Jabaquara.

No meio do Jabaquara.

Como todo mundo sabe, não é por outro motivo senão o dia de finados. E a ideia dele cair no dia 2 de novembro, para variar, vem da Igreja Católica. A ICAR, oficialmente, chama o dia de finados de “dia dos fiéis defuntos“. Alguns fieis defuntos famosos deste dia são o cineasta Pasolini, barbaramente assassinado por um michê em 2 de novembro de 1975, mesmo destino que teve o colega holandês Theo Van Gogh em 2004, vitimado por um fanático islâmico.

Uma travessa da Luís Dumont Villares, no Tucuruvi, zona norte.

Uma travessa da Luís Dumont Villares, no Tucuruvi, zona norte.

Já a 7 de novembro “homenageia” a primeira lei que tentava proibir o tráfico de escravos no Brasil, assinada pelo regente Feijó em 7 de novembro de 1831. A verdade é que essa lei era, literalmente, só para inglês ver, já que o nosso Império devia até as calças para os “parceiros” britânicos, que exigiam o fim do tráfico (e da escravidão). O “intercâmbio escravocrata” seria realmente proibido em 1850, com a Eusébio de Queirós, como explica este artigo aqui. Num mesmo dia 7 de novembro, mas de 1910, os irmãos Wright levantaram voo pela primeira vez – e os americanos juram que eles (e só eles) foram os primeiros.

No Jabaquara

No Jabaquara.

Esta aprazível ruinha sem saída alude ao dia do urbanismocomemorado em 8 de novembro. A data foi instituída em 1949 pela então recém-criada ONU, e teria “o objectivo de promover a consciência, a sustentação, a promoção e a integração entre a comunidade e o Urbanismo“, segundo a Wikipedia. Em um 8 de novembro, também, foram descobertos os raios Xpelo físico alemão Wilhelm Roentgen, em 1895. Já num dia 8/11 de 1975, seria lançado o quarto disco do Led Zeppelin. Que bom.

Zona norte.

Travessa da avenida Parada Pinto, na Cachoeirinha, zona norte.

A rua 9 de novembro faz parte de uma certa “vila calendário”, já que suas vizinhas figuraram em quase todos os posts anteriores desta série. E, como todas as outras, não carrega uma explicação do seu batismo, a não ser o fato de ter sido pela lei 6350, promulgada em 18/06/1963. Então, pode ser que a rua homenageie a criação da Brazil Railway Company, em 1917, ou ainda o golpe do 18 Brumário de Napoleão Bonaparte, em 1799. Ou, talvez, o niver da atriz Eva Todor, nascida em 1919.

No centro, claro.

No centro, claro.

É evidente que você sabe que o dia 15 de novembro não é outro senão o dia da Proclamação da República, em 1889, homenagem compartilhada com pelo menos 394 outras ruas do país, segundo este levantamento. É o quadragésimo nome mais comum (o primeiro é “dois”, com 1534 ocorrências). Mas a rua do Centro, famosa pelos bancos, é bem mais antiga que a República. Surgiu ainda na época da fundação da cidade, no século 16, quando servia de ligação entre o Pátio do Colégio e o Largo de São Bento (aliás, ainda serve, rsrrsrsrs). No século seguinte, passou a ser a Rua do Rosário, aludindo à Igreja (cuja última reconstrução foi feita em 1906, no Largo do Paissandu). Na época, também era conhecida como Rua do Manuel Paes Linhares, justamente porque era nela que o bandeirante Manuel Paes Linhares morava, ora pois. No século 19, passou a ser a Rua da Imperatriz, que, como o Império, foi enxotada com a República. Como boa cidade, a então Santo Amaro também tinha sua XV de novembro. E ela, assim como tantas outras, ganhou um nominho pra lá de chinfrim no final da década de 70, com o advento do Banco de Nomes, passando a homenagear uma escola literária, veja só. É a…

Pois é.

Pois é.

Dias depois…

Na quebrada do Conjunto da Paz, no Itaim Paulista (ZL).

Na quebrada do Conjunto da Paz, no Itaim Paulista (ZL).

Como é feriado, você sabe que o 20 de novembro é o dia da consciência negra, em memória à morte do famoso Zumbi dos Palmares, em 1695. Não tem erro. Aliás, a própria consciência também tem rua:

No outro extremo, no Capão Redondo, ZS.

No outro extremo, no Capão Redondo, ZS.

Calma, ainda tem mais… mas depois atualizo 🙂

Que rua é hoje? – outubro

Bem-vindos a outubro:

No Ipiranga, pertinho da Ricardo Jafet

No Ipiranga, pertinho da Ricardo Jafet.

A aprazível pracinha 1 de outubro homenageia, segundo a Prefeitura, o “dia do viajante comercial”. Talvez não seja por acaso que uma das ruas próximas à 01/10 seja justamente a…

Lá, quando dá 4:20, o povo fica todo viajandão #legalize

Lá, quando dá 4:20, o povo fica todo viajandão #legalize

Além dos viajantes comerciais (que podem ser até os de Telexfree Herbalife, dentro do Marketing Multinível™), o dia 01/10 também é o dia mundial do vegetarianismo, veja só.

Dois dias depois…

No Limão, zona norte.

No Limão, zona norte.

Essa praça, na verdade uma calçada arborizada da rua Salvador Ligabue, de acordo com a Prefeitura, homenageia o dia das eleições presidenciais. Mas, como você deve ter reparado nos últimos anos, as eleições em geral sempre têm ocorrido no primeiro domingo de outubro, que pode cair entre os dias 1 e 7. Mas, até elas serem gentilmente interrompidas pela ditadura militar, as eleições diretas presidenciais realmente tinham esta data como fixa – a partir da constituição de 1946. Então, Getúlio Vargas (em 1950), JK (em 1955), e Jânio Quadros em 1960, foram mesmo eleitos em dias 3 de outubroO dia também marca a morte de duas sumidades religiosas (pelo menos para seus devotos): o criador da umbanda Zélio de Morais (em 1975). E o fundador da bizarríssima Tradição Família e Propriedade, e, segundo certos devotos, dotado de poderes sobrenaturais, o sr. Plínio Correa de Oliveira, em 1995 – cujo túmulo, no cemitério da Consolação, até hoje atrai os tradicionais estandartes medievais da comunidade e os honrados homens de bem que dão sua vida pela luta contra o cOmUnIsMo.

No Jabaquara, zona sul

No Jabaquara, zona sul

A 5 de outubro é uma rua até grandinha no coração do Jabaquara. Mas sobre ela, a única informação que a Prefeitura dá é que foi denominada pelo decreto nº 15.784 de 04/04/1979. Prefiro considerar que o dia homenageado é o 05/10 de 1969, quando estreou o Monty Python na TV britânica. Ou ainda a proclamação da República… de Portugal, que aconteceu 21 anos depois da nossa, em 05/10/1910.

No Tatuapé, ZL

No Tatuapé, ZL

A 7 de outubro, travessa da Serra de Botucatu, “no coração do Tatuapé”não tem explicação para o nome.  Espero que não seja uma homenagem ao Manifesto de Outubro, quando os integralistas ~botaram para quebrar~ lançando seu manifesto, em 1932. Sorte que só dois anos depois, os galinhas-verdes foram literalmente postos para correr. Mas sabendo que a nossa querida cidade tem ruas como a Plínio Salgado, é capaz que tenha algo a ver com a primeira data.

Na Lapa

Na Lapa

A maior artéria da Lapa, que concentra boa parte do comércio do bairro (e o Mercado), foi uma grande fornecedora de roupas na minha primeira infância, em lojas como a Pelicano. Mas qual dos 12 de outubro que a rua homenageia? Segundo a Prefeitura, o mais antigo deles: a descoberta da América, por Cristóvão Colombo, em 12 de outubro de 1492. Mas, além disso, também é o dia de Nossa Senhora Aparecida e o das crianças, como se sabe.

Em Artur Alvim, ZL

Em Artur Alvim, ZL

Um dos caminhos para se adentrar a “comunidade” do Cambalacho (sim, o nome é por causa da novela) é a rua 14 de outubroo qual (adivinhe) a Prefeitura não sabe explicar. Hipóteses: a fundação da CNBB, em 1952, ou ainda o Nobel de Martin Luther King, em 1964, quatro anos antes da sua morte.

No Tatuapé

Na Vila Carrão, ZL

A praça 15 de outubro marca a confluência da avenida Conselheiro Carrão com as ruas ManilhaAstarté, Taubaté e a 19 de Janeiro. Baita encruzilhada, perfeita para os macumbeiros de plantão. E que, claro, homenageia aquele dia em que você fingia que era legal e dava a maçã que não fora comida na hora do lanche ao seu querido professor. A data, que só é comemorada neste dia aqui no Brasil, é uma homenagem à santa Teresa D’Ávila, padroeira dos professores – e que, por sua vez, inspirou D. Pedro I a regulamentar a abnegada profissão, no dia 15 de outubro de 1827. Dia 15 de outubro também é, acredite, o dia mundial da lavagem das mãos.

Em Interlagos, zona sul

Em Interlagos, zona sul

Na frente do shopping Interlagos, como a velha plaquetinha explicativa diz, a rua 17 de outubro homenageia o tal dia do securitárioOu seja, os corretores de seguros, vendedores de seguros, etc, etc. Merece até uma vinheta, a que eu mais gostei do Pânico em todos os 10 anos de programa:

No Jardim Maria Estela, zona sul

No Jardim Maria Estela, zona sul

Quase em São Bernardo, às margens da Anchieta, está a 18 de outubro. Segundo a Prefeitura, é porque na data se comemora o dia do médico. Para variar, os doutores ganharam o dia por causa do santo padroeiro, São LucasJá em 18 de outubro de 1968, John Lennon e Yoko Ono foram presos por porte de drogas. Maior vacilo.

Na Vila Sônia, zona oeste

Na Vila Sônia, zona oeste

Na Vila Sônia, entre as avenidas Eliseu de Almeida Francisco Morato, está a 23 de outubroque homenageia o dia do aviador. Afinal, foi no dia 23 de outubro de 1906 que Santos Dumont sobrevoou o Campo de Bagatelle, em Paris.

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Não é por acaso que eles estão juntos, em Santana

O avião? Você conhece bem:

No meio (e embaixo) da 9 de Julho.

No meio (e embaixo) da 9 de Julho.

Nada como um dia após o outro:

No Ipiranga

No Ipiranga.

O dia 24 de outubro ser rua em São Paulo ajuda a calar um pouco a boca daqueles que dizem “ah, São Paulo é o único lugar onde não há rua com nome do Getúlio Vargas, só aqui os trabalhistas não são reconhecidos, etc etc”. Ok, além disso não ser verdade…

Ok, a rua fica em Perus, perto do nada e de lugar nenhum, mas existe

Ok, a rua fica em Perus, perto do nada e de lugar nenhum, mas existe.

… o dia 24 de outubro de 1930 marcou o fim da revolução de 1930, que enxotou Washington Luiz do poder e alçou Vargas à presidência. Os paulistas, como se sabem, não deixariam barato e logo se meteriam na ~revolução~ de 1932, que rendeu várias avenidas e ruas datadas, como a 9 de Julho e a 23 de Maio

No Tremembé, perto do Horto Florestal.

No Parque Casa de Pedra, perto do Horto Florestal.

Diz a Prefeitura que 25 de outubro é “dia da Democracia”. A origem da data não podia ser mais controversa: uns dizem que é alusiva à “”””eleição “”” de Emílio Médici à presidência, em 1969, depois da morte de Costa e Silva e da junta militar. Outros dizem que o 25/10 é o de seis anos depois, em 1975, quando o jornalista Wladimir Herzog foi “suicidado” nas dependências do DOI-Codi, fato que acelerou a “abertura” do regime militar (que, ainda assim, duraria mais 10 anos). Segundo consta, os moradores da 25 de outubro não gostavam tanto assim do nome – tanto que o então vereador (e apresentador de tv) Dárcio Arruda apresentou um abaixo-assinado dos moradores para dar o nome de um padre do bairro à 25/10. Mas não deu certo – e o tal padre até hoje não dá nome a nenhum logradouro.

outubro26

No Jardim Nazaré, quebrada da Vila Curuçá (ZL).

A travessa 26 de outubro é a “caçulinha” da lista: só foi oficializada em 2011. Mas engana-se quem pensa que há alguma explicação. O chute é o dia do músico, comemorado nesta data.

Em Heliópolis

Em Heliópolis, no Sacomã.

Segundo a Prefeitura, há duas ruas 28 de outubro: essa aí de cima, na comunidade de Heliópolis, cujo nome foi escolhido pelos moradores e deve ter alguma explicação deles, e outra, no Tatuapé, que homenagearia o dia do funcionário público. A ironia é que essa última foi privatizada: é fechada com portão nas duas pontas e, aparentemente, é um estacionamento. Tá certo então.

Na Vila Matilde, ZL.

Na Vila Matilde, ZL.

Que lindo: o dia 29 de outubro desta longa rua da ZL seria o Dia do Livro, em homenagem à data em que a Real Biblioteca Portuguesa foi trazida para o Brasil, em 1810. Neste dia, em 4004 a.C, segundo um alucinado monge do século 15, Deus teria terminado de criar o mundo. E, como você sabe, levou seis dias. Logo, começou lá no dia 23/10. Tá certo (2).

Na Capela do Socorro, zona sul.

Na Capela do Socorro, zona sul.

Para a prefeitura, o 30 de outubro desta travessa sem saída da avenida do Rio Bonito é o dia do comerciário – que, por sua vez, alude a uma grande manifestação dos comerciários por melhores condições de trabalho, no Rio de Janeiro. Só que não foi no dia 30, mas no dia 29 de outubro de 1932. Porém, ficou o 30 porque foi nesse dia que o então presidente Getúlio Vargas, para fazer uma média, aceitou as reivindicações da categoria em forma de lei, impondo rotina de oito horas diárias e descanso aos domingos. Veja só.

No Mandaqui, ZN

No Mandaqui, ZN

O dia 31 de outubro virou dia das bruxas na Inglaterra porque coincidia com o ano-novo celta, “pagão”. Vai saber se não é a origem do 31 de outubro da rua, já que a Prefeitura não sabe explicar. Outra explicação mais plausível é que o 31/10 é o dia mundial da Reforma Protestante. Ou ainda, a independência da Hungria, em 31/10 de 1918.

Acabou? Não! Ainda tem ela, a…

No Grajaú, zona sul.

No Grajaú, zona sul. 1DASUL procês.

Nossa Musa de Outubro, que vem a ser um poema de Carlos Drummond de Andrade. A quebrada do extremo sul onde fica a Musa é especialmente literária. Lá perto, além do Luar de Lágrimas (que é um poema de Cruz e Sousa), temos as ruas do Eterno e do Desfile. 

Chega. Até a próxima!

Que rua é hoje? – setembro

Nunca houve mês tão urbano quanto este que começa, setembro. São quase 30 logradouros diferentes com setembro no nome. Mas isso não significa que seja uma rua por dia, não. Você vai ver:

Na Vila Prudente, quase em São Caetano.

Na Vila Prudente, quase em São Caetano.

E já começamos bem, já que a Prefeitura não sabe explicar o porquê do dia 3 de setembro da praça. Palpites: a independência do Quatar, em 1971, ou outra bem possível dado o histórico da nossa querida ZL: o aniversário de Paulo Maluf, nascido em 3 de setembro de 1931.

Em Pirituba, zona norte.

Em Pirituba, zona norte.

Essa aprazível pracinha na avenida Comendador Feiz Zarzur, em Pirituba, não tem também explicação oficial. Pode ser que o 4 de setembro tenha razão histórica: em 476, deu-se oficialmente a queda do império romano. Já em 1947, o glorioso país africano Burkina Faso foi fundado, então chamado de Alto Volta. E, em 1998, dois nerds americanos fundavam um certo site de pesquisa, não sei se vocês conhecem.

setembro07

No centrão de SP, entre a praça João Mendes e a avenida Liberdade.

Óbvio que o 7 de Setembro é mesmo o nosso Independence Day, data que é especialmente importante para os paulistanos, porque afinal, as margens plácidas do Ipiranga que ouviram o brado retumbante de Dom Pedro I, ainda que bem poluídas hoje em dia, ficam por aqui. E o próprio Pedrão, aliás, exumado recentemente. Mas o Largo em si, ali na frente do Fórum João Mendes, no Centro, tem uma história bem mais antiga: era originalmente o Largo do Pelourinhoonde os escravos eram castigados. De modo a tucanar a história desde cedo, já em 1865 (ou seja, antes mesmo do fim da escravidão), um vereador paulistano resolveu trocar o nome do Largo. Mas é claro que quase toda cidade tem também a sua 7 de Setembro (além da cidade de 7 de setembrono Rio Grande do Sul). E Santo Amaro, quando era uma cidade independente, também tinha – e o nome durou mesmo depois da anexação dela à São Paulo, em 1934. Só em 1978, quando você está careca de saber que surgiu o Banco de Nomes e tentou-se acabar com as vias de nome repetido, que a 7 de setembro santamarense virou a longa e importante…

Que você já viu aqui também que é só o nome de uma antologia de poemas portugueses.

Que você já viu aqui também que é só o nome de uma antologia de poemas portugueses.

Continuando…

Na Penha, ZL.

Na Penha, ZL.

Não há outro bairro melhor para receber a 8 de setembro que a Penha. É que é o dia em que os católicos celebram o dia da padroeira Nossa Senhora da Penha de França, que dá nome ao bairro. Aliás, a tal da Penha de França onde a santa apareceu não é a da ZL: a original é uma serra no norte da Espanha. Já a santa também tem a ver, obviamente, com a Penha carioca (de onde vem o Hélio de la Peña) e a cidade catarinense, que abriga o Beto Carrero World. O curioso do dia 8 de setembro é que como, basicamente, todas as Nossas Senhoras são a mesma Maria (mãe do filho de Deus), é também o dia de várias delas: das Brotas, de Nazaré, de Mont Serrat, da Luz (essa, padroeira de Curitiba), entre outras.

Na Vila Guilherme, zona norte.

Na Vila Guilherme, zona norte.

Essa ruinha de uma quadra na Vila Guilherme homenageia, segundo a Prefeitura, o dia da imprensa. É porque no dia 10 de setembro de 1808, poucos meses depois da fuga da família real lusitana para o Brasil, foi fundado o nosso primeiro jornal: a Gazeta do Rio de JaneiroDia 10/09 também é o dia da independência de Guiné-Bissauem 1974. Achei que você tivesse curiosidade de saber.

Também na Vila Guiherme.

Também na Vila Guiherme.

Bem pertinho da 10, temos a 12 de setembroSegundo a Prefeitura, é porque neste dia, em 1835, começou a Guerra dos FarraposSó que tem um probleminha: em todos os registros históricos consta outra data…

No Jabaquara, zona sul.

No Jabaquara, zona sul.

pois é: de acordo com todas as informações, a gloriosa Revolução Farroupilha foi deflagrada no dia 20 de setembro de 1835, que é o objeto da homenagem desta pracinha. E também de uma certa aldeia…

No Tucuruvi, zona norte.

No Tucuruvi, zona norte.

O curioso é que, segundo o mapa, a tal Aldeia 20 de setembro fica bem longe do Rio Grande do Sul, e sim no município de Comodoro, no Mato Grosso, fronteira com Rondônia e com a Bolívia. Se pá é até uma homenagem dupla, já que naquela região tem realmente muito gaúcho e, mais exatamente onde aponta o mapa (vai lá no google maps), tem muito índio. Tá certo.

Ermelino Matarazzo, ZL.

Ermelino Matarazzo, ZL.

Se você olhar o fundo da placa, já descobre o motivo: o dia 21 de setembro é nada mais, nada menos, que o dia da árvore – algo necessário na área menos arborizada da cidade. Num dia 21/09, em 1776, também rolou o Grande Incêndio de Nova Yorkque queimou quase toda a cidade, cujos prédios então eram construídos de madeira.

No Limão, zona norte

No Limão, zona norte

Segundo a Prefeitura, é simplesmente porque o dia 23 de setembro marca, normalmente, o início da primavera. Que fifonho, não? Num dia 23/09, em 1932, a Arábia Saudita declarava sua independência – exatamente 51 anos depois, São Cristóvão e Névis era admitido como estado membro da ONU. Como sempre, achei que você morria de vontade de saber…

Em Pirituba, zona norte.

Em Pirituba, zona norte.

Já a praça 25 de setembro é uma singela homenagem ao Dia do Rádio, que o é neste dia numa alusão ao aniversário do introdutor desta mídia no Brasil, o senhor Edgar Roquette Pinto, nascido em 25/09 de 1884. Roquettão, que dá nome a praça e rua em São Paulo, fazia de tudo. Foi até médico-legista.

Na comunidade de Heliópolis, zona sul

Na comunidade de Heliópolis, zona sul

Como quase todas as ruas urbanizadas da comunidade de Heliópolis, o nome foi escolhido pelos moradores e não tem nenhuma grande explicação (quer dizer, tem para eles, mas a gente não sabe). Com certeza o 27 de setembro NÃO é a fundação da TV Record, em 1953, nem o dia de Cosme e Damião.

No Ipiranga.

No Ipiranga.

Se é no Ipiranga, já pode chutar que tem a ver com algum evento histórico. E não é só um, mas dois, ainda que relacionados com o mesmo tema. É que no dia 28 de setembro de 1871 entrava em vigor a lei do ventre livre, que libertava todos os filhos de escravos que viessem a nascer a partir desta data. E, em 1885, era a vez dos sexagenários serem automaticamente alforriados. OK que o Brasil foi um dos últimos países a abolir a escravidão, mas deixa pra lá…

Com nome de dia, acabou, mas ainda tem as coisas de setembro:

Na Cidade Tiradentes, ZL.

Na Cidade Tiradentes, ZL.

A Cachoeira Sete de Setembro, segundo a prefeitura, fica na cidade de Ouro Preto do Oeste, em Rondônia. Vou acreditar nela.

No Capão Redondo.

No Capão Redondo.

setembro1983

No Capão Redondo, de novo.

Como você já deve ter visto em outros meses, essas duas travessas aí de cima são apenas parte de uma enorme série dessas quebradas do Capão Redondo relacionadas à data de legalização dos mutirões de moradia da região. Em setembro de 1981, você poderia ter assistido o Grandes Nomes com Ney Matogrosso, no dia 04e ter presenciado a eleição de Lula para a presidência do PTno dia 27. Já setembro de 1983 começou bem, com o desastrado abate de um avião de passageiros coreano, confundido com um caça espião pelos soviéticos, já no dia 1. Já no dia 26, também por mãos soviéticas, mundo poderia ter sido destruído. 

No Edu Chaves, zona norte.

No Edu Chaves, zona norte.

Uma travessinha da avenida Jardim Japão, Chuva de Setembro é daquelas adoráveis preferências do Banco de Nomes: composições musicais pra lá de obscuras. É o caso de Chuva, uma peça musical para voz e piano composta em 1973 por um certo Rui Cirne Lima.

José Bonifácio, ZL.

José Bonifácio, ZL.

Você deve estar estranhando Sol de Primavera aqui na lista. Mas só se nunca tiver ouvido a música do Beto Guedes, que já começa com setembro, e que ficou famosa na abertura da novela Marina, em 1980:

Que rua é hoje? – agosto

Muito boa tarde pro senhor, pra senhora, pro amigo, pra amiga. Como já é de costume nesse singelo blog, todo primeiro dia do mês é dia de que rua é hoje?

Uma travessa da avenida do Cursino

Uma travessa da avenida do Cursino, na Vila Água Funda (zona sul)

Segundo a Prefeitura, o dia 1 de agosto da rua é o Dia do Selohomenagem a um hobby cada vez mais raro, a filatelia. Além disso, dia 01/08 também é o aniversário de Piracicaba (de 1767) e Bauru (1896). Vinte anos atrás, em 1993, entrava em vigor a moeda-relâmpago brasileira: o cruzeiro real, que durou só 11 meses.

Em Itaquera, ZL

Em Itaquera, ZL

Mais um batismo sucinto, segundo a Prefeitura. O 5 de agosto dessa ruela de Itaquera, próxima à Jacu-Pêssego, é nada mais, nada menos, que o niver do grande cientista Oswaldo Cruz, nascido em 1872. Além do Oswaldão, também é dia da Tia Celina Nathalia Thimberg (de 1929) e do glorioso futebolista português Amoreirinha (os lusitanos adoram esses nomes, né?)

Quem é ADEVOGADO sabe

Quem é ADEVOGADO sabe…

… que o 11 de agosto (ou melhor, XI de agosto, como eles preferem) nada mais é que o dia do advogado, comemorado a partir da data de fundação dos cursos de Direito no país, em 1827. Naquele dia, Dom Pedro I autorizou a fundação das Arcadas do Largo São Francisco (de onde a rua é bem próxima) e da Faculdade de Direito de Olinda (atual UFPE). Justamente por isso, a ala douchebag dos adevogado (grandes m. que você é adevogado…), dos uspianos aos FMUanos e UNIPanos (futuros paralegais nos escritórios), se acha no direito de comer de graça nos restaurantes nesse dia, usando do seu animus jocandi. É o tal pendura, sobre o qual eles têm até jurisprudênciaveja só.

Na Vila Prudente, ZL.

Na Vila Prudente, ZL.

Uma rua que comemora o dia do economista, 13 de agosto, só pode mesmo ser bem econômica, também: começa na avenida Sapopemba e termina menos de 150 metros depois, sem saída. Num 13/08 também, o mongol Tokhtamysh pôs fogo em Moscou, em 1382. Uns 700 anos depois, em 1946, foi fundada a minha nada querida PUC-SP.

No Jaraguá, zona noroeste

No Jardim Ipanema, bairro do Jaraguá, zona noroeste

Falei até o nome do bairro porque é realmente por causa dele que essa travessa da avenida Aleixos Jafet tem o nome. É que no longínquo dia 21 de agosto de 1983, onde hoje está a rua, foi rezada a primeira missa do Jardim Ipanema, pelo padre Anchieta Alcides Pinto da Silva, segundo a Prefeitura. Enquanto os ipanemenses rezavam, se você tivesse parado numa banca e comprado o Estadão daquele dia, um domingo, teria conhecido o “cróton, um arbusto de fácil cultivo, resistente a doenças e pragas”, no Suplemento Feminino. Já no caderno de Cidades, descobriria que o mistério das 73 mortes de jovens no extremo sul de São Paulo estava prestes a ser desvendado – seria nada mais, nada menos que a descoberta do Cabo Bruno, assassinado em 2012. Também dava para comprar uma verdadeira máquina: o DISMAC D-8001, por apenas 920 mil cruzeiros. Onde? No Mappin, claro!

Isso quase levanta voo: 16 KB de RAM, leitor de K7 e até uma "unidade impressora"

Isso quase levanta voo: 16 KB de RAM, leitor de K7 e até uma “unidade impressora”

Nada como um dia após o outro:

No coração da zona norte, a Vila Dionísia, perto da Parada Pinto

No coração da zona norte, a Vila Dionísia, perto da Parada Pinto, na Cachoeirinha. Repare que a Prefeitura pôs placas novas mas manteve o acento no agôsto (que não é mais usado desde 1971)

A 22 de Agosto, travessa da Parada Pinto, é a maior rua do bairro da Vila Dionísia. E, segundo a Prefeitura, é porque o dia 22/08 é o dia do folclore. Com certeza não tem nada a ver com a anexação da Coreia pelo Japão, em 22/08/1910, que quase extinguiu a cultura (e o folclore) coreano. Talvez seja então por causa do folclórico humorista Ary Toledo, nascido em 22/08/1937, 41 anos antes do sem-graça Oscar Filho (de 1978).

Existe, mas não muito

José Bonifácio, na ZL, a terra do pêssego e do conjunto habitacional Fazenda do Carmo

O Google Maps até hoje não catalogou a avenida 24 de Agosto, mas eu juro que ela existe. Passei por lá quando fui com o fotógrafo preparar esse material para o vereador. O batismo veio junto com outras dezenas, em 2002, quando o conjunto habitacional Fazenda do Carmo foi legalizado. A maioria das ruas acabou ganhando nomes de artistas mortos nos anos 90, como Paulo Gracindo (a maior rua), Luiz Carlos Arutin ou mesmo Renato Russo. Numa cidade com tanta gente irrelevante dando nome à rua, é até um alívio ver pessoas realmente importantes nas vias. Mas não é o caso da avenida 24/08, que não se sabe a razão. Quem sabe não é o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954? Numa cidade que se orgulha de 9 de Julho, tudo é possível, né?

 'Nos nao é turco, nos libanes" (Turco Rachid, de Renascer)

‘Nos nao é turco, nos libanes” (Turco Rachid, de Renascer)

Vai vendo.

Na Vila Brasilina, Sacomã

Na Vila Brasilina, Sacomã

Mais uma daquelas ruelas estreitas e sem saída – e sem origem batismo definida. Segundo a Prefeitura, a alusão é para o fato do dia 27 de agosto ser o dia do psicólogo. É que, neste dia, em 1964, a profissão foi legalizada no Brasil. Uns 2400 anos antes, em 551 a.c., nascia o filósofo chinês Confúcio (agora, como eles sabem dessas datas com tanto detalhamento, sei lá…) – exatos 1552 anos antes da gloriosa Sandra de Sá (de 1953).

Tá quase acabando o mês, mas ainda tem coisa:

Elegia de Agosto, na Cangaíba

Elegia de Agosto, na Vila Sílvia, Cangaíba, ZL.

Não errei a imagem: é que a travessa Elegia de Agosto nada mais é que a “rua” deste condomínio da ZL, embora o nome nem ao menos seja utilizado pelos moradores do Zezinho Osti, oficialmente no número 51 da rua Ribeira do PombalElegia é um dos últimos poemas de Manuel Bandeira, escrito em 1961, que você pode ouvir na voz desse fera aqui. Poemas “manuelinos” são uma preferência especial da Prefeitura para dar nome a travessas e vilas de condomínios fechados. É também o caso de Evocação do Recife, nome oficial de uma vilinha na rua Tanabi, em Perdizes.

eVoCaCaUm dU rEsIfIIIII

eVoCaCaUm dU rEsIfIIIII

Já outra existe de verdade:

Perto da 21 de agosto, no Jardim Ipanema

Perto da 21 de agosto, no Jardim Ipanema. Você vê o pico atrás (leia rápido)

E como a 21/08, também é uma travessa da Alexios Jafet. Quebrada define. Já o Soneto de Agosto é obra de Vinícius de Moraes. O ~poetinha~ tem várias obras nomeando ruas paulistanas. Tanto que logo vai merecer um post à parte.

Imortal, posto que é chama

Imortal, posto que é chama

Mas infinita enquanto dura – o que não é o caso dessa travessinha na quebradíssima do Capão Redondo, que não chega a ter 50 metros de extensão, ainda que tenha o nome de rua (isso também é bem comum em SP, rende até outro post).

Mas não agora, claro! Por hoje chega.

Que rua é hoje? – julho

Bem-vindo a julho, um dos meses mais prolíficos em ruas paulistanas. Vai vendo:

É comemorado também o Dia do Bombeiro.

“É comemorado também o Dia do Bombeiro.”

Se você é esperto, só de saber que a rua 2 de julho está no Ipiranga deve imaginar que tem algo a ver com a independência do Brasil. Afinal, foi lá que o grito foi dado e que de suas margens plácidas o brado retumbante tocou. Pois bem: quase um ano depois do fatídico 7 de setembro de 1822, ainda tinha uma tropa militar lusitana, anti-independência, aportada em Salvador. Pois é: tinha, pois foram expulsos pelo Visconde de Pirajá (cuja rua carioca o fez virar nome de bar paulistano) e o general Labatut (que fica bem próxima à 2 de julho no Ipiranga).

Nascida em quatro de julho

Nascida em quatro de julho

Falando em independência, já vimos tantos filmes falando do 4 de julho americano que não seria nem tão estranho imaginar que a rua de fato homenageasse o Independence Day:

Day

Ô filme ruim

Mas não. Essa ruinha de uma quebrada de Itaquera, na ZL, tem esse nome por uma razão muito mais singela, segundo a Prefeitura: “4 de julho é a data do início do mutirão para colocação e guias na Rua.”. Quer dizer, a rua é nascida em 4 de julho, portanto.

Pela mitologia celta, 5 de julho é o dia de Angus Mac Og, deus da juventude e da beleza

Pela mitologia celta, 5 de julho é o dia de Angus Mac Og, deus da juventude e da beleza

Na Vila Nair, bairro do Ipiranga entre as avenidas Nazaré e Tancredo Neves, fica a 5 de julho. A Prefeitura não sabe explicar sua origem. Como o bairro é mais antigo que o Banco de Nomes e a região gosta de uma raiz histórica para batizar as vias, meu chute é o dia da Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, no dia 5 de julho de 1922, uma das primeiras revoltas militares contra a República Velha.  Dois anos depois, no mesmo 5 de julho, começava a Coluna Prestes. 

Conhece essa?

Conhece essa?

Assim como a 23 de maio que você já viu aqui, esta artéria paulistana relembra a ~Revolução constitucionalista de 1932~, iniciada justamente no dia 9 de julho daquele ano. Os jovens paulistanos de classe média alta não gostaram dos resultados da Revolução de 1930que acabou com a República Velha, e queriam desfazê-la na marra. Primeiro a turma saiu do Facebook e #foi para a rua no dia 23 de maio. Daí, no 9 de julho, os militares entraram no meio e o kissuco ferveu de vez. As tropas paulistas, ajudadas por uns perdidos de outros estados, entraram em guerra com as tropas federais. Morreu um monte de gente dos dois lados (quase todos também viraram ruas paulistanas) e os coxinhas não tiraram Getúlio do poder. O máximo que rendeu foi a constituição de 1934, mais abrangente que as anteriores – e que durou só três anos…

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Também tem 9 de julho em Santo Amaro.

julho10

Lá na Cidade Ademar, perto da Cupecê

A História sempre vai rolando e uma data importante pode virar mera página de rodapé no dia seguinte. É o caso do 10 de julho de 1832, quando foi fundado o município de Santo Amaro, cuja área correspondia a quase tudo que você chama de zona sul de São Paulo, e que voltou a ser paulistana em 1935, 102 anos depois. Segundo os arquivos da Prefeitura, a rua 10 de julho ganhou o nome na década de 1940, quando já não valia nada. A lembrança foi sugestão de Plínio Schmidt (ele mesmo já nome de rua faz tempo), funcionário da ex-prefeitura santamarense.

julho14

Lá no Bixiga, meu

Essa rua do Bixiga é em boa parte do seu leito imprensada pelo elevado da Ligação Leste-Oeste. E hoje, é conhecida pelas deliciosas fábricas de pão italiano. Não por acaso, uma das mais antigas é a padaria 14 de Julho, aberta em 1897 – ou seja, quando a rua já tinha esse nome. Fico no chute entre duas datas antigas, que não têm nada a ver entre si mas, sei lá: ou é a Revolução Francesa mesmo, em 1789, ou ainda o singelo aniversário de Campinas, fundada em 14 de julho de 1774. Conhecendo a história paulistana, essa acaba sendo a hipótese mais provável – embora a Prefeitura prefira ir de França, usando um texto colado da Wikipedia no seu Dicionário de Ruas. 

Lembro até do que eu fazia naquele dia

Lembro até do que eu fazia naquele dia

A “aquisição” mais recente desta lista é a praça Memorial 17 de Julho, inaugurada no ano passado. A referência, claro, é ao voo JJ3054 da TAM, que, no dia 17 de julho de 2007, varou a pista do aeroporto de Congonhas e dizimou um terminal de cargas da própria TAM e um posto de gasolina – cuja área hoje corresponde à própria praça. A homenagem às 199 vítimas do acidente até que virou uma praça bem agradável (e vamos torcer para que não comece a ser depredada por uma minoria de vândalos).

Segundo a Prefeitura, o 19 de julho desta rua de Pirituba seria o “dia da Caridade”. Também é a data de nascimento de várias pessoas importantíssimas  (obrigado, Wikipedia), como o tenista romeno Ilie Nastase (de 1946) e a miss Pompeia Ellen Roche (de 1979).

Na Vila Calendário

Na Vila Calendário

Essa travessa da Parada Pinto, na Cachoeirinha (zona norte) faz parte de um bairro cheio de datas. Tem a 10 de maio, a 9 de novembro… E, para cada um deles, a Prefeitura dá uma explicação diferente. Segundo eles, o dia 20 de julho é uma homenagem a Santos Dumont, nascido em 20 de julho de 1873. Além do inventor do avião, outra pessoa importantíssima nasceu num 20/07: nada mais, nada menos que Gracyanne Barbosa, de 1982. 20 de julho também é Dia do Revendedor de Posto de Gasolina (Frentista) – e também Dia do Amigo. ❤ !

25 de Julho é comemorado o Dia do Motorista.

25 de Julho é comemorado o Dia do Motorista.

É assim que a Prefeitura explica o nome dessa ruinha do Sacomã, quase na fronteira com São Caetano. Pode ser também a criação do Ministério da Saúde, em 25 de julho de 1953. Ou ainda, o dia do escritorinternacional da mulher negra, do colono, de Santiago de Compostela, etc, etc. Escolha o seu!

julho82

Os mutirão da habitação

Pra fechar, mais uma da linha lutas. Julho de 1982, na mesma região do Capão Redondo onde ficam a Maio e a Junho de 1985, é a data em que a área foi legalizada pela Prefeitura. Justo. E chega! Até o próximo post!

Ruas amorosas

Hoje é dia dos namorados! Já tem quem esquente sua orelha à noite, nesse friozinho? Espero que sim! E, para comemorar o dia, nada melhor que um roteiro romântico pela cidade, com o oferecimento do Banco de Nomes™ 🙂

Desde 2003

Desde 2003

Um segredo sobre os vereadores: se eles não gostam muito de denominar ruas das quebradas, deixando a tarefa para o Banco de Nomes, eles simplesmente não se aguentam quando veem um “espaço verde inominado”. Daí, qualquer bosque, rotatória, ilha central de avenida vira praça – embora às vezes não haja sequer um banquinho para sentar. E vem bem a ser o caso da Praça dos Namorados, que foi batizada pelo então vereador Jooji Hato em 2003, com essa justificativa: “a denominação foi solicitada pelos moradores locais através de abaixo-assinado e expressa uma característica da praça, frequentada por namorados”. Eu só queria saber onde que os casais ficam…

Só achei esse "casal" no Street View... e eles trouxeram as cadeiras de fora

Só achei esse “casal” no Street View… e eles trouxeram as cadeiras de fora

Pois é: a pracinha, na Saúde, na confluência da rua Guararema com a travessa Ângelo Pecin não tem nem um banquinho para namorar… resta sentar no morrinho, bem no estilo FFLCH.

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Môoooor!!!!!!!!!!!!!!!! Môooorrrrrrr!!!!!!!!!

mozão fica satisfeito quando dá um passeio na “Via de Pedrestre Amor“, travessa da rua Francisco Peixoto Bizerra, no Jardim Brasil (ZN). Mas engana-se quem pensa que o Amor é aquele nobre sentimento. A Prefeitura explica que é “personagem da mitologia Grega, um dos mais poderosos mortais, era filho de Vênus” – ninguém mais, ninguém menos que o outro nome do Cupido, aquele que é bem…

No Jardim da Conquista, onde mais?

No Jardim da Conquista, onde mais?

Nem precisa de muita explicação, não é? É a música mesmo.

No <3 da Vila Sônia

No ❤ da Vila Sônia

Na Vila Sônia, entre as ruas Francisco Marson Karlina Reiman Wandabeg, está a Praça dos Amores – nome que a Prefeitura não sabe explicar, mas que batiza uma pracinha bem aproveitável (quando a grama está bem cortada):

Dá até para ganhar umas lambidas

Dá até para ganhar umas lambidas

Na Vila Santa Catarina, uma linda rotatória entre as ruas Contos Gauchescos Latif Fakhouri tem o nome oficial de Rosa do Amor. Pelos Contos, que é um livro tri-clássico da literatura gaúcha, você já imagina que Rosa tem algo com literatura, não é? Sim: é um livro de poemas, escrito em 1902 por Vicente de Carvalho (que hoje é nome de praia em Santos).

Tudo que move é sagrado

E remove as montanhas

Com todo o cuidado, meu amor…

by Beto Guedes, 1978

by Beto Guedes, 1978

Aqui não se trata de Banco de Nomes: assim como os vizinhos do Jardim da Conquista, os moradores da Amor de Índio, no Conjunto Residencial José Bonifácio, na ZL, deliberadamente escolheram batizar as ruas com nomes de músicas da MPB – como as suas paralelas Casa No Campo Águas de Março.

Na ZL

Na ZL

Por sua vez, o tema do Jardim Popular, próximo à avenida São Miguel, na ZL, são as flores. Que coisa linda, não é? Evidentemente que em algum momento chegaria a vez do Amor-perfeito:

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No Aricanduva, ZL

Cantiga de Amor, se você lembra das aulas de Literatura do colégio, é um gênero do Trovadorismo. Mas esta aqui não: é um trecho dos Motetos Profanos do compositor alemão (naturalizado brasileiro) Bruno Kiefer, baseado num texto medieval.

Ninguém mora na rua Cravo de Amor :(

Ninguém mora na rua Cravo de Amor 😦

Por que ninguém mora na Cravo de Amor, em São Miguel (ZL)? Porque nada mais é que uma passagem, com menos de 50 metros de extensão… tem muro dos dois lados, ligando a José Dias Miranda à Osvaldo Santini. E o Cravo, o que é? Você já deve imaginar, não?

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“Gypsophila paniculata. Planta perene, de caule ramificado que atinge 1 metro de altura, folhas lanceoladas e pequenas flores brancas. Espécie ornamental. É originária da Ásia e bem aclimatada no Brasil. (Família das cariofiláceas)”

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Sinônimos: Dois Irmãos, Picão e Sapatinho-dos-Jardins. É da família das Euforbiáceas – diz a Prefeitura

Essa travessinha da Sadamu Inoue, em Parelheiros, tem nome de planta também – daquela bem comum e que gruda na roupa. Mas, pensando bem, os moradores da Dois Amores deram foi sorte: imagine se o nome da rua fosse Picão ou Sapatinho dos Jardins?

Você já conhece

Você já conhece

Se você me acompanha faz algum tempo, já conhece a Rua dos Ventos do Amor – que fica no mimoso Jardim Oriental, em Parelheiros – onde todas as ruas têm nomes estranhos. A principal rua, por onde se chega ao bairro, é a dos Ventos, nome de uma composição do Itinerário Amoroso e Idílico de um certo José de Almeida Prado, composta em 1976. Caso queira conhecer a rua, pode marcar um evento na Chácara das Flores, que fica lá.

Não é música

Não é música

Pois é: Duetos de Amor, uma ruinha sem saída no Jardim Selma, dentro do Jd. São Luís, não é uma música, e sim um poema, de Alphonsus de Guimaraens, de onde vem esse lindo verso:

A minha face é uma caveira

Que tu não podes lisonjiar

Que aroma

Que aroma

Nada de novo no front: São Miguel, ZL, nessa altura, só pode ser planta. Ou melhor: “designação comum a algumas plantas rústicas da família das hidrofiláceas, originárias da Califórnia e cultivadas no Brasil.”. A criatividade passou longe: suas paralelas são a Flor da Paixão e a Flor de Noiva – e é travessa da Flor de Baile. 

"O nome desta rua foi solicitado pela Associação de Moradores do Jardim Celeste II."

“O nome desta rua foi solicitado pela Associação de Moradores do Jardim Celeste II.”

Essa ruinha, que, como a descrição diz, fica no Jardim Celeste, travessa da rua Nossa Senhora da Moradia, no Cursino (ZS), ganhou o nome em 2003. Pois bem: pela data, e pela ausência de outras explicações, tudo indica que se trata da cidade ficcional na qual a novela ‘O Beijo do Vampiro’ se passava – exibida justamente entre 2002 e 2003. Se ainda fosse uma novela melhorzinha… se eu contar para essa moça aqui, é capaz dela querer se mudar para a Maramores.

Que lindo

Que lindo

A rua Primaveras do Amor, no meio do Parque Arariba, no Capão Redondo (ZS) tem o nome de um “Livro de poesia de Ibrantina de Oliveira Cardona. Nascida em Nova Friburgo, Rio de Janeiro, em 1868. ” E quem é essa senhora? É Ibrantina Froidevaux de Oliveira Cardona, autora de pérolas como Plectros Heptacórdio – e que é nome de uma escola em Holambra, no interior do estado. Ou seja: ninguém.

O Parque do Carmo, na ZL, é tão grande que ainda tem uns bairrinhos escondidos nas suas bordas e nas roça dos japoneses que ainda plantam pêssegos por ali. Na Gleba do Pêssego, há uma área bem literária, onde a principal rua é a Cinza das Horas (do Manuel Bandeira). Uma de suas minitravessas é a…

Não é poema

Não é poema

… que é o nome de uma “obra musical para conjunto de 3 vozes iguais, sobre textos de diversos autores, música do renomado compositor paulista Osvaldo Lacerda”que morreu não faz muito tempo, em 2011, que, dizem, era um dos melhores professores de música erudita do mundo, com material didático usado até hoje.

Na Cidade Tiradentes, ZL

Na Cidade Tiradentes, ZL

Lá na quebrada da Cidade Tiradentes, no Conjunto Habitacional Inácio Monteiro, fica a Semente do Amor…

Não, isso não é a semente do amor

… que não é a “sementinha” que seu papai colocou na mamãe para você nascer, tá? E sim uma obscura composição de uma obscura compositora, Najla Jabor – que não era parente do Arnaldo – e que, para variar, teve seu nome “editado” pela prefeitura para virar nome de rua: na verdade, a composição se chama “A semente é dor amor“. 

Sabe por que eu sei onde é a Seresta do Amor? Porque eu estava lá!

Sabe por que eu sei onde é a Seresta do Amor? Porque eu estava lá!

O nome dessa rua da Chácara Santo Amaro, no extremo sul, é tão singelo, não é? Mas a música que a intitula talvez não seja tão romântica assim – já que é composta por esse cidadão:

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… que, como o nome diz, foi o pioneiro da música eletrônica no Brasil. Mas não pense que você vai ouvir Jorge Antunes na balada: sua pegada é mais no estilo Kraftwerk (e que não deve ser ouvida à noite, pois é trilha sonora de pesadelos). É dele também a Valsa Sideral – mais uma rua do meu querido Jardim Oriental – e paralela da…

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Valsa Amorosa que consiste apenas nessa curvinha, saindo dos Ventos do Amor, que logo a transformam em Valsa Lenta – e que é (pra variar) o nome de uma outra composição musical – agora, de Souza Lima.

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Na ZL

E se eu te telefonar
Se mandar te buscar
Der o braço a torcer
Sei que irias ganhar
E eu não iria perder
Da outra vez eu sofri
Te magoei, me feri
Foi difícil aprender

Dica: a Verbos do Amor fica no Conjunto Habitacional José Bonifácio – então é da MPB – mais precisamente, do João Donato e do Abel Silva. E você já deve ter ouvido, pois toca até hoje na rádio, na voz da Gal Costa, gravada em 1982:

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De João Donato, vamos para Sullivan e Massadas: as máquinas de compor música dos anos 80. Fizeram toneladas delas, para Xuxa, Faustão e Tim Maia, dentre outros milhares de artistas. São músicas como…

Jardim da Conquista, claro

Jardim da Conquista, claro

Vida minha, vida minha
Meu amor cigano
Como posso me enganar
Fingir que não te amo
Vida minha, vida minha
Não me deixe agora
Logo quando eu mais
Preciso de você
Diz pra mim que não deixou de me querer

que você provavelmente já ouviu na voz de Fafá de Belém. Algumas quadras adiante, você fica:

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… que é um clássico do brega, conhecido na voze de Lindomar Castilho, inclusive com versão em espanhol

Reconheço não mereço seu carinho,
Mas de si não guardo ódio nem rancor,
O que eu sinto é vê-la sem felicidade,
E você só quer me ver ébrio de amor…

 

Isso em 2011

Isso em 2011

Já na Vila Império, no meio da Cidade Ademar, há a Travessa Fonte do Amor, que só existe no mapa – e que, em 2011, aparentemente estava para desabar. Tudo bem: é só mais um poema do Cruzzzzzzz…. e Sousa.

Por isso eu te amo querida,
Quer no prazer, quer na dor…
Rosa! Canto! Sombra! Estrela!
Do Gondoleiro do amor.

A travessa Gondoleiro do Amor, poema de Castro Alves de onde vem a estrofe acima, é primeira de todo esse post a não ficar na periferia: trata-se do nome oficial de uma aprazível vilinha, travessa da rua Venâncio Aires, na Pompeia – mas acho que nem os moradores sabem disso, pois devem dar a Venâncio como endereço, só marcando o número da casa.

Entre uma loja de cadeiras e outra de congelados

Entre uma loja de cadeiras e outra de congelados

“Grande amor, grande amor, grande mistério
Que as nossas almas trêmulas enlaça…
Céu que nos beija, céu que nos abraça
Num abismo de luz profundo e sério.”

É do Cruz e Sousa

É do Cruz e Sousa

Pelo romance que transborda da estrofe, já deu para notar que é mais um poema do Cruz e Sousa, que fica no Campo Limpo, margeando a área do condomínio Morumbi Sul, e que é travessa da rua Lira Cearense (também literária, como se pode notar). O curioso é que enquanto “ruas” como a Cravo-do-Amor não têm nem 30 metros, a travessa Grande Amor até que é grande…

E eis que voltamos ao Conquest Garden:

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Nada mais é que a versão brasileira do Hymne à l’Amourda Edith Piaf – feita pela nossa lendária (e caótica) Maysa.

Para mostrar como nosso Jardim da Conquista é musicalmente florido, a paralela da Hino ao Amor é sertaneja:

Essa é a história de um amor
Que aumentou o meu sofrer
e me fez compreender
/Todo o mal de querer
Tu me deste luz e vida
destruindo-me depois, oh que vida amargurada
Vivo só sem teu calor…

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… você já lembrou, né? É do Leandro e Leonardo.

Mas a música não tem esse nome

Mas a música não tem esse nome

Procurando, você acha músicas gospel com esse nome, ou ainda uma antiga novela da Globo. Mas, segundo a prefeitura, o nome vem da música Terceiro Amor – do Francis Hime… que começa falando de “primeiro amor”.

O primeiro amor já passou
O segundo amor já passou
Como passam os afluentes
Como passam as correntes

Ainda na Conquista, temos a…

Direto da Jovem Guarda

Direto da Jovem Guarda

Passeando em um jardim eu te encontrei meu bem
Foi tão grande a emoção que minha voz perdi
E com certa timidez de mim se aproximou
Para ir a uma festa você me convidou

Será que o jardim ao qual a cantora Diana, da Jovem Guarda, se referia era o da Conquista? D E S C U B R A.

No Ipiranga

No Ipiranga

Essa travessinha da rua Bamboré, no Ipiranga, é daquelas vilinhas com cara de cidade do interior – e o nome vem do mesmo livro Versiprosa, do Drummond, de onde vieram o Desfile e a  Musa de Outubro do último post. E como a Musa eram as eleições, o Velho Amor do Drummond não era nenhuma musa, mas a arte do seu amigo Rodrigo Andrade, diretor do Departamento Histórico na época…

Mestre Rodrigo, o da DPHAN,que me perdoe se neste cantohoje canto a gentil balzacade seus encantos e quebrantos,aquela que, noite após noite,e dia após dia, inclusiveos domingos – outrora livres,os feriados – antes gozados.

…e que, ao menos no mapa, é nome de uma praça na Brasilândia.

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E fechamos com o nosso Jardim da Conquista, com mais uma surpresinha: Veneza do Amor – uma maravilha do lado B da Perla – a paraguaia! Ali perto, só lembrando, também tem a Galopeeeeeeeeeeeeeeeeeeeira:

galopeiraPronto: agora já deu. Feliz dia dos namorados!

 

 

 

 

 

Que rua é hoje? – junho

E chegamos a junho, na nossa série Que rua é hoje. Mas o mês vindouro é fraquinho, fraquinho… veja lá:

Seis de Junho é dia do Alfaiate

Seis de Junho é dia do Alfaiate

“Dia do alfaiate” é a explicação que a Prefeitura dá para o dia 6 de junho ter virado rua, na Vila Formosa (zona leste). Talvez também possa haver alguma ligação com o famoso Dia D, quando o kissuco da II Guerra Mundial começou a ferver, em 1944. Ou ainda, a criação do irresistível Tetris, em 1984. Diz a Prefeitura que existe a 9 de Junho em algum lugar do Tucuruvi, mas deve ser caô deles. Já a 7 de Junho existe, no bairro União Vila Nova, quebrada da Vila Jacuí (zona leste). Mas é pirata: nenhuma das ruas desse bairro, “imprensado” entre a rodovia Ayrton Senna e a avenida Jacu Pêssego, é legalizada pela Prefeitura.

Lá na Vila Mariana. Tem a ver com a Guerra do Paraguai

Lá na Vila Clementino. Tem a ver com a Guerra do Paraguai

A 11 de Junho, que liga a Domingos de Moraes com a Rubem Berta, existe desde os anos 30. E a explicação do nome, segundo a Prefeitura, é que “em 11 de junho de 1865 que as Forças Navais Brasileiras, empenhadas na campanha contra o ditador do Paraguai, obtiveram a grande vitória do Riachuelo. Aí surgiram aureolados de glória os nomes de Barroso, Marcilio Dias, Pedro Afonso, Greenhalg, dentre as duas centenas de heróis que perdemos nesse célebre combate naval”. Não é à toa que 11 de junho é dia da Marinha brasileira – e que, não por acaso, tem uma das suas sedes ali pertinho, na Sena Madureira.

O Google errou: é 30 de junho

O Google errou: é 30 de junho

Essa praça, no bairro Encosta Norte, quebrada do Itaim Paulista (ZL), é mais um daqueles “balões” que chamam de praça simplesmente por chamar. Não tem um banquinho, o mato está sempre alto… e o Google ainda marca o nome errado. Segundo a Prefeitura, trata-se da praça 30 de Junho, não Julho. E nem ao menos sabem explicar o motivo. Talvez, pelo estado da quebrada, seja uma alusão ao 30 de junho de 1908, quando um meteoro arrasou Tunguska, na Sibéria. Ou ainda, uma desgraça parecida, ocorrida em 1986: a estreia do Xou da Xuxa.

Vindo à 30 de junho, venha tomar um cafezinho brasileiro na Bertabrasil Pãesnificadora Tokunfome

Vindo à 30 de Junho, venha tomar um cafezinho brasileiro na Bertabrasil Pãesnificadora Tokunfome

A Tokunfome fica quase em frente à praça, na rua Paulo Tapajós. Se estou preenchendo com essas curiosidades é que não tem muito o que falar de junho. Mas um dos milhares de junhos pelos quais o mundo passou foi eternizado na toponímia urbana paulistana (que bonito!):

Bla bla bla whiskas sachê

Bla bla bla whiskas sachê

Junho de 1985, assim como as suas vizinhas da Cohab Adventista, no Capão Redondo (zona sul), tem a ver com a época em que uma parte do loteamento foi legalizada e/ou construída. Mas poderia ser uma homenagem a Roque Santeiroque estreou no dia 24 de junho. Vamos começar a apelar? Só para preencher a cota de junhotemos ainda o senhor José Maria, o Junho:

Conhecido por Zé Maria

Conhecido por Zé Maria

A Prefeitura não sabe dizer quem o seu Zé, na Vila Medeiros (zona norte), foi. Só sei que ele morreu no dia 15 de dezembro de 1959, graças ao Estadão:

A família agradece a todos que a ampararam pelo doloroso transe. O féretro parte do nosocômio levando o perecido extinto.

A família agradece a todos que a ampararam pelo doloroso transe. O féretro parte do nosocômio levando o perecido extinto.

E ainda tem a deusa romana que deu nome ao mês…

OPS! Juno errado

OPS! Juno errado. Esse é o ~~~~namorado~~~~~ da Xuxa (hahahahaha)

Essa é a certa:

Fica em Aricanduva, e é bem extensa.

Juno e Júpiter tinham 4 filhos, Lucina (Ilítia), deusa dos partos e gestantes, Juventa (Hebe), deusa da juventude, Marte (Ares), deus da guerra e Vulcano (Hefesto), o artista celestial, que era coxo.

Mas veja só: segundo a Prefeitura, a/o Juno da rua é um asteroide, dos mais antigos já descobertos. Chega! Até semana que vem!