Como você já está careca de saber ao ler esse blog, o Banco de Nomes era bastante culto ao escolher nomes de músicas. Nada de MPB. Apenas composições de música erudita, preferivelmente dos artistas menos populares possíveis – daí que veio nossa querida Borboletas Psicodélicas, por exemplo, além de óperas mais conhecidas:
Mas eis que, a partir dos anos 90, a coisa ficou mais democrática, com o advento do Jardim da Conquista, que também citei no outro post. Os moradores colecionaram tantos nomes de canções da nossa música que até sobrou para serem jogados em outras da cidade (predominantemente, na zona leste. Poucas estão fora dela). Senão vejamos:
Lembra do tempo em que o Datena estava na Record e o Comandante Hamilton pilotava o Águia Dourada (que até caiu tempos depois)? Pois é: lamento, mas essa travessa, do Jardim da Conquista, não tem nada a ver com ele, mas com esta música, do Roberto Carlos.
Orfeu da Conceição é aquela peça do Vinícius de Moraes, de 1954, que originou dois filmes chatíssimos: o francês, de 1959, e o nacional (com Toni Garrido). É dela que vem a clássica Se Todos Fossem Iguais a Você, da trilha composta com a ajuda de Tom Jobim.
Não: é só uma música do Zé Ramalho, que você provavelmente já ouviu mas não sabia o nome. Zé Ramalho é um dos preferidos do banco de nomes do povão:
Chão de Giz, que também está na região de Itaquera, é uma das mais geniais do irmão da Elba: “fotografias recortadas em jornais de folhas”. Mas eu até que gosto. Mas olha só: toda vez que tem alguém tocando música (qualquer uma), você invariavelmente ouve um bêbado gritar:
TOCA RAUL
TOCA RAUL
TOCA RAUL!!!!!!
E sobra repertório do maluco beleza:
Na regravação do Camisa de Vênus, o carro citado muda: é um Monza 1986.
Planos de Papel é uma das músicas da trilha da novela O Rebu, de 1974, composta inteiramente por Raul e Paulo Coelho. Antes de ser relançada em CD foi uma dos LPs mais raros entre colecionadores: passava dos 1000 reais. Mas no disco, não era ele quem cantava, mas sim uma marrom ainda desconhecida: Alcione. Cabô Raul? Não:
Gîta só não teve o primeiro clip em cores da história da TV porque o Fantástico daquele dia de 1974 tinha passado um outro de uma cantora desconhecida minutos antes… Uns bons anos depois, em 1998, seria a música de abertura da novela Brida, baseada no romance do co-autor Paulo Coelho e que foi a pá de cal da finada TV Manchete.
Paralela à Gita, temos a Novo Aeon, uma das mais doidas do Raulzito – e que inspirou até uma doidinha que participava de programas na MTV e virou um velho meme. E como gostam dele, porque ainda tem mais:
E não é pra menos. Areia da Ampulheta é do penúltimo disco dele, A pedra do Gênesis, lançado em 1988, meses antes da sua morte. A própria voz dele (como você pode ouvir no link), já estava bem cansada. E, tão logo ele morreu, foi sua vez de virar rua (na verdade antes de todas essas acima):
Mas não se anime: a única que é reconhecida pela Prefeitura é a do Itaim Paulista. As outras são de loteamentos que resolveram escolher o nome das ruas por conta própria – e que logo o Banco terá de bolar algum não-repetido.
Pra fechar, que tal uma sopa pra nóis? Ou melhor, um pagodinho pra nóis da melhor qualidade? Vamo caí pra dentro então com eles, os gloriosos (ouça na voz do Faustão) garotos do:
É que o grupo que outrora fora liderado por Salgadinho nasceu ali, no extremo sul da cidade. A origem do nome é curiosa: Katinguelê, é, na verdade, um termo equivalente à “café-com-leite” entre os jogadores de capoeira – e é como os então jovens pagodeiros se sentiam no início da carreira. você sabia??
Calma, logo volto ao assunto músicas. Sei que você e os outros 17 leitores do blog não aguentam de ansiedade.