Ah, esse Banco de Nomes sempre surpreende os não-iniciados na arte de denominação de ruas paulistanas. Afinal, o que mais esperar de uma equipe que usa composições eruditas obscurantíssimas, listas de pedreiros zé ninguém da Minas Gerais colonial, ou políticos argentinos do século 19 que não são homenageados nem em seu próprio país?
Isso:
Pois é: a tabela periódica está tomando conta da cidade. E só não vê quem não quer:
Na Rua do Cálcio, lá na Cidade Tiradentes (extrema ZL), os comerciantes já perceberam o potencial do elemento.
Será que fazem parte do cardápio? Lá pertinho do Cálcio, há o
Sorte dos moradores que o nome é curto. Afinal, se tivessem que abreviar o cobre ao modo do símbolo da tabela… pouparei-os desta grosseria (rsrsrsrsrs). Já o elemento mais importante de nossas vidas está longe, bem longe. Em Perus, quase em Caieiras, para ser mais exato:
Tem até as piadinhas sutis:
É que a Rua do Bromo, que tem CEP, Cadlog e outros quetais, não passa de um malcheiroso córrego (entendeu o porquê do Bromo?) “afluente” da rua Francisco Jorge da Silva, lá no Parque do Carmo. Não tem absolutamente nada que lembre uma rua ali, como denunciou Rafinha Bostas (argh) nos tempos de CQC, em 2010 (de onde vem a foto acima). Segundo os comentários do vídeo, nada mudou na não-rua do Bromo em 2013.
Ainda na região do Parque do Carmo, há piadas prontas: a pouco asfaltada e bem suja Rua do Cloro dá acesso à Praça dos Elementos Químicos, o coração da ~comunidade~ do Maria Luiza. A ironia: a praça dos químicos abriga a boca de dorgas da região. A polícia, como era de se esperar, trata a todos com amor e carinho, de acordo com esse blog.
Como se vê, não é só na periferia que os elementos aparecem. A Rua do Urânio é uma travessa da avenida Jabaquara.
O estanho, famoso pela soldas, fica lá na Cidade Líder (ZL).
Falando em Campo Belo, só de travessas da Vicente Rao temos uma aula de ciência, que vai de uma partícula subatômica…
até um que é nome de tanta coisa, de osso a onda
O rádio é extremamente radioativo. Além deles, também tem a rua da Prata – são os batismos fisico-químicos mais antigos da cidade.
Mas esses elementos você até conhece – até porque são os mais abundantes. Mas tem sempre aqueles tão raros que nem na aulinha de química do colégio se fala (ou eu acho que não se fala, porque não prestava muita atenção…)
Quem disse que não serve para nada? Serve para batizar essa travessa (que é bem longuinha) em São Rafael (ZL). Pena que ainda não temos as ruas Unúnóctio, Hássio, Disprósio, Rubídio… Isso, pelo menos aqui. Em Santiago, capital chilena, tem a tabela completa num bairro da sua periferia. Procure um dos nomes abaixo e veja que tem todos mesmo.
Além disso, temos as misturinhas:
A apatita é um dos poucos minerais produzidos por seres vivos. Nossos dentes têm uma forma dela, a hidroxiapatita.
“Devido à resistência ao calor da mica ela é usada no lugar do vidro em janelas para fogões e aquecedores a querosene. Ela é usada também para separar condutores elétricos em cabos que são projetados para possuírem uma resistência ao fogo de forma a garantira a integridade do circuito. A idéia é prevenir que os condutores metálicos se fundam, prevenindo o curto circuito, permitindo que o s cabos permaneçam operacionais na presença do fogo.” Por isso mesmo que tem duas ruas: a original, em São Miguel, na ZL, e a pirata, não reconhecida pela Prefeitura, na Brasilândia, zona norte.
Tá achando chato? É, parece uma aula de química mesmo… bom, prometo que semana que vem venho com outra pauta diferente!